Ringo e seus amigos agitam o Credicard Hall
Por Fabian Chacur
Se há um grupo que merece o nome que tem é certamente a All Starr
Band. Em seus 24 anos de existência, sempre capitaneada pelo ex-Beatle
Ringo Starr, teve em suas fileiras alguns dos mais importantes e
talentosos músicos da história do rock. E a atual formação, que tocou
nesta terça-feira (29) no Credicard Hall (SP) manteve a excelência
habitual. Entretenimento de primeira linha.
Durante as quase duas horas de show, Ringo e sua turma nos ofereceram
um hit atrás do outro, extraídos do repertório dos Beatles, da carreira
solo de Mr. Starkey e também do currículo dos ilustres músicos
presentes. Tudo tocado com muita garra, swing e disposição. Delicioso
ver o empenho de cada um deles para tornar o momento solo do colega
muito especial. Um luxo.
Lógico que seria muito complicado fazer uma análise bacana do show em
bases tradicionais. Então, tive a ideia de encarar o espetáculo como se
fosse um jogo de futebol, especificamente naquele capitulo de dar notas
individuais a cada jogador, detalhando suas atuações. Lógico que nesta
adaptação musical, a nota de todos é a máxima. Vamos aos detalhes,
então.
Ringo Starr - O ex-Beatle deu um banho como
baterista, tocando em parceria com Greg Bissonette, e também como
cantor, naquele estilo descompromissado e sacudido. Simpático, soube
cativar a plateia, além de dar generosos espaços para seus colegas de
time brilharem. Entre outras, ele cantou Boys, Don’t Pass Me By, Photograph, It Don’t Come Easy, Matchbox, Yellow Submarine, I Wanna Be Your Man, With a Little Help From My Friends e duas de Ringo 2012, Wings e Anthem. Em forma aos 73 anos, é uma lenda mais viva do que nunca.
Todd Rundgren- Integrante das bandas Nazz e Utopia e
um artista solo dos mais consistentes, esse cara soube como poucos em
sua trajetória misturar rock, pop, soul, rock progressivo, power pop e o
que mais pintasse na sua frente. Um gênio, que também tem belíssimo
currículo como produtor e que nos visitou pela primeira vez. Na All
Starr Band, ele tocou basicamente guitarra e violão, com grande presença
de palco, correndo o tempo todo. Ele trouxe, de seu repertório, a
pérola power pop I Saw The Light, a fantástica balada Love Is The Answer e a agitadíssima Bang The Drum All Day, na qual cantou e tocou percussão. Ah como eu queria ver um show solo dele! Mas valeu a amostra.
Richard Page- Baixista, cantor e compositor do Mr.
Mister, boa banda de pop rock dos anos 80, ele mostrou o porque é tão
procurado para fazer vocais em discos alheios. Toca baixo com precisão e
muito swing, e canta que é uma beleza. Do repertório do seu extinto
grupo, trouxe os megahits Kyrie e Broken Wings, além de uma música inédita. Para quem não o conhece, recomendo com entusiasmo o álbum Welcome To The Real World (1985), que inclui os dois hits e também Is It Love (tema do filme Tocaia), um belo álbum de pop rock. Pat Mastelotto, o baterista do grupo, depois foi integrar o King Crimson de Robert Fripp.
Steve Lukather - Além de guitarrista e vocalista do
Toto, uma das mais bem-sucedidas bandas de pop rock dos anos 70/80, esse
cara participou de mais de mil discos como músico de estúdio, entre
eles um certo Thriller, de um tal de Michael Jackson.
Ao vivo, esbanjou carisma, técnica, pegada e bom gosto, deixando no ar a
pergunta: porque dificilmente seu nome é citado no Brasil quando o tema
é melhores guitarristas de pop rock de todos os tempos? O cidadão é um
monstro! Ele interpretou com categoria três hits de sua ex-banda,
apoiado vocalmente pelos colegas: Rosanna, Africa e Hold The Line, três petardos que incendiaram a festa roqueira em Sampa City.
Mark Rivera - Além de diretor musical da All Starr
Band há quase 20 anos, esse saxofonista, percussionista, vocalista e
tecladista tem no currículo trabalhos com gente do naipe de John Lennon,
Daryl Hall & John Oates, Simon & Garfunkel, Billy Joel e um
caminhão de outros. Ele não tem momentos solo, mas ajuda de forma
efetiva nas performances de todos os outros. Tipo do músico “pau pra
toda obra”, esbanjando simpatia, boa voz e excelente desempenho nos
instrumentos de sopro. Craque.
Greg Rollie – Esse cantor e tecladista integrou a Santana Band em sua espetacular fase inicial, que rendeu álbuns do naipe de Abraxas (1970) e Santana III (1971),
e também fundou e integrou durante anos o Journey. Além de arrasar no
Hammond e no teclado convencional, capitaneou performances de três
clássicos do repertório da banda que o tornou conhecido mundialmente: Evil Ways, Oye Como Va e Black Magic Woman,
que deram aos músicos a chance de improvisar de forma swingada e
vibrante. Gerou os momentos latinos e salerosos do show. Vamos bailar la
salsa!
Greg Bissonette - Baterista que tocou com Dave Lee
Roth, Steve Lukather, Duran Duran, Richard Marx, Andy Summers e inúmeros
outros, é um verdadeiro dínamo, esbanjando energia e muita técnica, sem
perder um único beat. Não é nada fácil tocar ao lado de um mito como
Ringo Starr, mas Bissonette se mostrou mais do que aprovado nesse
desafio, dividindo com generosidade e categoria o espaço com o chefinho
famoso. Versátil, encarou rock básico, hard, latinidade, baladas e pop
com desenvoltura de quem sabe tudo. Fera demais!!!
obs.:a foto que ilustra esse post foi feita por Raul Bianchi, com quem tive a honra de ver esse show maravilhoso e sem o qual… Valeu, grande amigo!!!
2 Comentários:
Super texto...adorei...
Ringo por onde passa deixa paz e amor...
(Ismael Ambrósio de Souza)
Parabéns pela matéria. Top ! Ringo sempre Ringo !
Postar um comentário