13 RAZÔES PARA RESPEITAR (E MUITO!) RINGO STARR
Por John Bryant

Ringo
Starr foi a pessoa sem talento mais sortuda do planeta? Tudo que ele
sabia fazer era sorrir, balançar a cabeça e manter o ritmo para três dos
mais talentosos músicos/compositores do século. É triste, mas existem
pessoas que pensam assim sobre nosso querido e velho Ringo. Francamente,
eles estão redondamente enganados. A lista que se segue mostra apenas
algumas poucas das contribuições que Ringo fez aos Beatles, à música em
geral e à arte de tocar bateria.

1.
Ringo foi o primeiro baterista de rock de verdade a aparecer na TV.
Todos os “bateristas de rock’n’roll” que se apresentaram com Elvis, Bill
Halley, Little Richard, Fats Domino e Jerry Lee Lewis eram em sua
maioria bateristas de R&B. Esses bateristas mal estavam fazendo a
transição do estilo de baterista mais voltado para o suingue das décadas
de 40 e 50 para chegarem ao som mais alto, mais “roqueiro” que é
associado com I Want To Hold Your Hand.

2.
Ele mudou a forma dos bateristas segurarem as baquetas ao popularizar a
pegada igualada. A quase totalidade dos bateristas ocidentais antes do
Ringo segurava suas baquetas com a pegada tradicional. Ringo mostrou ao
mundo que era necessário força para dar mais ênfase ao rock’n’rolll, e
para isso segurava as baquetas como se fossem martelos, continuando até o
ponto de criar uma nova fundação para o ritmo.

3.
Foi o mesmo que iniciou a tendência de colocar o baterista em uma
plataforma mais elevada para que ele se tornasse tão visível quanto os
outros músicos. É claro que Ringo não foi o primeiro baterista a ficar
numa plataforma, mas sua visibilidade proclamava que ele era um membro
igualitário dentro da banda. Isso é importante, porque a maioria dos
bateristas antes dele eram considerados apenas um complementos. Quando
este apareceu no Ed Sullivan Show, em 1964, imediatamente atraiu a
atenção de milhares de futuros músicos ao ficar bem acima dos outros
Beatles.

4.
Aqueles mesmos espectadores notaram que Ringo estava tocando uma
bateria -na verdade, uma bateria Ludwig. A influência dele foi imediata.
Ocorreu uma corrida até as lojas de instrumentos, e subseqüentemente
toda a toda a indústria da percurssão entrou em um período de vendas
altíssimas, a qual duraria vérios anos.

5.
Ringo mudou o som das baterias nas gravações. Na época de Rubber Soul
(lançado em 6 de dezembro de 1965) o som de sua bateria começou a ficar
mais audível. Com a ajuda dos engenheiros dos estúdios Abbey Road, ele
popularizou um novo som para bateria – um efeito que a tornava mais
clara, mais próxima. Ele fez isso aos afinar os tambores mais baixo e
amortecer a ressonância dos tambores com materiais absorventes
(principalmente usando travesseiros no bumbo). Esse som teve uma enorme
influência.

6.
Ele tem uma noção de tempo quase perfeita. Isso possibilitou aos
Beatles gravarem uma canção vinte e cinco vezes e depois serem capazes
de editar partes diferentes de várias tomadas para obter a melhor versão
possível. Hoje um canal com um metrônomo gravado faz a mesma função,
mas os Beatles dependiam de Ringo para manter o tempo consistente
durante dúzias de tomadas. Se ele não tivesse essa habilidade, os discos
dos Beatles teriam um som completamente diferente. Sua noção de tempo
perfeita e sua boa pegada dão às canções dos Beatles aquela qualidade
“imutável”.

7.
Em grande parte das sessões de gravação a performance do baterista
seria um barômetro para o resto dos músicos. A direção estilística,
dinâmicas e emoções são filtradas através do baterista. Se ele não
estiver fazendo um bom trabalho isso prejudicará a performance de todos
os outros músicos. Os Beatles quase nunca tiveram esse problema com
Ringo.
A “pegada” de Ringo serve como padrão para os produtores de disco de poprock e também para os bateristas. É relaxada, mas nunca se arrasta; sólida, mas sempre respira. Há uma certa qualidade única.
A “pegada” de Ringo serve como padrão para os produtores de disco de poprock e também para os bateristas. É relaxada, mas nunca se arrasta; sólida, mas sempre respira. Há uma certa qualidade única.

8.
Ringo odiava solos de bateria, o que de, de uma forma ou de outra, é o
que muitas pessoas valorizam. Ele fez apenas um solo com os Beatles. Ele
aparece durante The End, do disco Abbey Road. Alguns podem dizer que
isso não é uma mostra de grande virtuosidade técnica, mas eles estariam
pelo menos parcialmente enganados. Coloque uma metrônomo a exatamente
126 batidas por minuto, compare-o com o solo de Starr e verá que os dois
andarão juntos o tempo todo!

9.
A habilidade de Ringo tocar compassos compostos ajudou a levar a
composição de canções populares até mares nunca dantes navegados. Temos
dois exemplos em All You Need Is Love (que é em 7/4), e Here Comes The
Sun, com as passagens de 11/8, 4/4 e 7/8 que se repetem no refrão.

10.
A aptidão de Ringo para tocar muitos estilos diferentes, como suingue
de dois tempos (When I’m Sixty-Four), baladas (Something), R&B (Leve
My Kitten Alone e Taxman) e country (o disco Rubber Soul), possibilitou
aos Beatles explorar muitas direções musicais com facilidade. Sua
experiência pré-Beatles como um versátil e batalhador músico de casas
noturnas o ajudou bastante neste sentido.

11.
A idéia de que ele foi apenas um cara sortudo, que estava no lugar
certo, na hora certa, é completamente errada. Na verdade, quando o
produtor dos Beatles, George Martin, disse que não estava feliz com o
resultado da primeira sessão com o baterista original, Pete Best, a
decisão tomada por John, Paul e George foi a de contratar o cara o qual
eles consideravam o melhor baterista de Liverpool – Ringo Starr. Sua
personalide foi apenas um bônus.

12.
Os boatos de que Ringo não tocou em muitas das canções do Beatles
porque ele não era bom o suficiente são falsos. De acordo com o livro
The Beatles: Recording Sessions, de Mark Lewisohn (Harmony, 1988). Starr
tocou em todas as gravações dos Beatles em que havia o som de uma
bateria, excetuando-se as que se seguem: Back in The USSR e Dear
Prudence, onde Paul tocou quando Ringo se afastou temporariamente da
banda. The Ballad of John And Yoko, com Paul novamente tocando porque
Ringo estava fazendo um filme, e no lançamento de 1962 de Love Me Do,
que tinha o músico de estúdio Andy White na bateria.

13.
Quando os Beatles se separaram e estavam tentando se afastar uns dos
outros, John Lennon escolheu Ringo para tocar em seu primeiro disco
solo. Como John disse em sua famosa entrevista para a revista Rolling
Stone: “Se eu começo a criar alguma coisa. Ringo sabe para onde ir –
simplesmente assim”. Um grande compositor não poderia pedir mais nada de
um baterista – a não ser, talvez, que ele sorria e balance a cabeça.
0 Comentários:
Postar um comentário