Entrevista com o Gafanhoto Harold!
Somente depois de uma semana do show de Paul McCartney no estádio Serra Dourada em Goiânia, no dia 6 de maio de 2013, foi que conseguimos localizar o gafanhoto Harold para uma pequena entrevista.
Vivendo tranquilamente numa pequena chácara fora dos limites da capital goiana, Harold foi muito solícito e respondeu às nossas perguntas de maneira muito bem humorada e gentil. Disse que sua postura antenada e voltada à boa música veio do avô e do pai, personagens que também tiveram seus momentos de glória no mundo do rock. Bom, vamos deixá-lo explicar:
Carlos Edu – Olá, Harold, tudo bem?
Harold – Tudo, caro Big Charles! Ainda mais agora que o sonho de ver Paul McCartney em terras goianas se concretizou.
CE – Harold, como é que tal fato, a sua aparição no palco junto de Paul, se concretizou?
H – Bom. Primeiro nós desviamos a atenção do público espalhando que seria o Zezé di Camargo quem daria uma canja no palco com ele. Mas tudo foi apenas para podermos armar aquela pacífica invasão, capitaneada por mim, conforme todo o mundo viu e registrou.
CE – Genial! Mas, diga-me, quando começou essa relação da sua família com astros da música, culminando com sua aparição no Serra Dourada com o Paul?
H – Ok. Na verdade, tudo começou com meu avô, que cantou uma pequena música no ouvido de Buddy Holly durante uma soneca que ele tirava num milharal em Lubbock, Texas. Buddy Holly então, encantado, resolveu batizar o seu conjunto como Buddy Holly and The Crickets (Buddy Holly e Os Grilos).
CE – Wau! Mas porque The Crickets (Os Grilos) e não The Grasshhopers (Os Gafanhotos)?
H – Hehehe! Todo mundo faz essa pergunta! É porque, em Lubbock, gafanhotoera sinônimo de arruaceiros e rebeldes violentos, o que não condizia muito bem com a imagem que Buddy queria dar ao conjunto.
CE – Puxa! Mas, essa foi a única relação da sua família com a música até sua “performance” junto do Paul aqui em Goiânia?
H – Não! Após a morte trágica de Buddy Holly, meu avô resolveu migrar para a Inglaterra e o meu pai acabou conhecendo os Beatles durante o rolé deles pelos campos, nos arredores de Londres, quando filmavam o Magical Mistery Tour. Meu pai cantou no ouvido de John e foi convidado por ele para participar da gravação da canção Revolution 9 – pena que, com as mixagens, ele quase não pode ser ouvido – e depois do álbum Abbey Road, de 1969.
CE – Tá de sacanagem! Seu pai canta no Abbey Road?
H – Sim, ora! Você não se lembra do início da canção Sun King? Não parece um grilo? Pois é, é o meu pai imitando um grilo! Ouça:
(clique no play abaixo para ouvir o trecho de Sun King)
CE – Caraca! É mesmo…
H – Tou falando! Viu? Não foi nada casual a minha presença no palco com o Paul aqui no Serra Dourada!
CE – E como você veio parar em Goiânia?
H – A família toda resolveu vir para o Brasil em 1976, e especialmente para o estado de Goiás, por ter uma biodiversidade fantástica, além do fato do meu pai ter se apaixonado pelo Cerrado quando ouvia papos de Caetano Veloso e Gilberto Gil durante o exílio deles em Londres. Os bons baianos falavam muito de Brasília e do centro do país. A palavra era: tropicália. Aí, a família veio, porém eu nasci aqui, e sou doido com pequi!
CE – Brincadeira, hein Harold? Mas, sem querer forçar a barra, pois isso tudo que você me relatou é mesmo sensacional, como foi planejar aquela noite memorável com o Paul? Como foi a aproximação com ele especificamente?
H – Então! Depois de Sun King, no álbum Abbey Road, logo os Beatles se separaram. Meu pai então passou algum tempo com Paul na sua fazenda na Escócia, mas não se adaptou ao clima. Porém, ainda conseguiu, a pedido dele, fazer uma voz imitando outra vez um grilo na canção Uncle Albert / Admiral Halsey, que foi mixada com a voz de Paul, dando a entender que é uma voz oriunda de um rádio comunicador de avião.
CE – Mesmo? Aquela voz é do seu pai? Caramba!
H – Vamos ouvir com atenção? Ó:
Ouçam a musica Uncle Albert................
CE – Hehehehe! Massa demais!
H – Pois é… Daí quando Paul fechou a turnê passando por Goiânia ele me procurou, pois queria muito me conhecer pessoalmente, após ficar sabendo que meu pai fora morto em 2004, numa batida para acabar com mosquitos da dengue…
CE – Pô, velho… Meus pêsames…
H – Valeu Big Charles. É vida que segue… Mas voltando ao assunto, aquele atraso que houve para o soundcheck no Serra Dourada não foi por causa de problemas com horários dos voos coisíssima nenhuma!
CE – Não?
H – Claro que não! Nós estávamos dando os últimos retoques para o momento da minha entrada no palco.
CE – Entrada avassaladora, diga-se de passagem! Tá certo… Bom, mas nosso tempo está terminando e eu agradeço muito pela sua atenção, Harold! Você tem algo a dizer para nossos leitores?
H – Claro! Procurem sempre ouvir a boa música! Crickets e beetles são exemplos dos melhores! Tchau, pessoal! Gostei demais da conta de falar para vocês! Yeah!
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